sexta-feira, 5 de junho de 2015

14 DERRADEIRA PARTIDA

14 DERRADEIRA PARTIDA
Quão inusitado seria
Ver o que você faria
Percebendo que é o fim.
Vendo que ao final
Deste derradeiro dia
Tudo se encerraria.
Como último ato, enfim.
Não haveria um sinal.
Nada mais marcaria
O que até então havia.
O elo que os unia
Tudo que pendia
Aquilo que os prendia,
Que gerava harmonia,
Enchia-os de alegria
Como um sopro se esvaía.
Toda uma vida se perdia.
Não sem dor e agonia.
Uma presente indagação.
Como é que seria?
Será que reconstruiria?
Tudo que um dia amou
Tudo ficou e deixou
Partindo sem saber
Para onde ir, mas precisava,
Partir, deixar o que o sufocava,
Nenhuma alternativa restava
Não via e não havia
A remota possibilidade
De sair em liberdade
Então um risco ousou correr
Sem mesmo ao certo saber
Como será sua vida
Agora que saiu da torcida
Entrou em campo e jogou
Apesar da lesão e da ferida
Agora terá outra partida
E assim seguirá
Até o último dia da vida.
Claudio Leite,
Do livro Poesia Carioca.

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